domingo, 22 de julho de 2007

A vida que ninguém vê

" Tudo o que somos de melhor é resultado do espanto. Como prescindir da possibilidade de se espantar? O melhor de ir para a rua espiar o mundo é que não sabemos o que vamos encontrar. Essa é a graça maior de ser repórter. ( Essa é a graça maior de ser gente. ) "


That's all.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Eu sei, mas não devia.

Eu sei que a gente se acostuma.
Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E porque à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã, sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado. A ler jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíches porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia. A gente se acostuma a abrir a janela e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E aceitando as negociações de paz, aceitar ler todo dia de guerra, dos números da longa duração. A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que paga. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com o que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes, a abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema, a engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às besteiras das músicas, às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À luta. À lenta morte dos rios. E se acostuma a não ouvir passarinhos, a não colher frutas do pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda satisfeito porque tem sono atrasado. A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida.
Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.

Yep! Nem preciso dizer que é um texto magnífico escrito por Marina Colasanti, e que são textos como esses que me fazem pensar e escrever sobre como estamos acomodados numa visão de mundo imposta a nós, sem direito a escolha. Pensem sobre isso...

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Saudade

É, saudade. Lembrança nostálgica de pessoa, situação ou coisa distante, ausente ou extinta; diria o dicionário. Procurei por um texto que li sobre saudade mas não encontrei. Mesmo assim, acho que saberia explicar o real sentido dessa palavra, porque é tudo que eu sinto agora.
Saudade de pessoas, de palavras, de momentos. Saudade das pequenas coisas que fazem toda a diferença. Saudade de não se sentir pressionada por tudo e por todos. Saudade de poder sonhar em paz. Infância, viagens, cantorias sem fim. Namorado, amigos, férias.
A saudade te faz perceber a capacidade de amar. Há pessoas que não imaginam o quanto podemos amar, querer alguém bem. Preocupação. ' O melhor da saudade é poder matá-la', sinto muita saudade de quem me disse isso.

" A saudade é a memória do coração."

terça-feira, 29 de maio de 2007

Meu mundo

Música, teatro, cafés, dança, moda, paixão. Norah Jones tocando, passeio pelo Teatro Municipal, café na Confeitaria Colombo, ballet, Fashion Rio. Companhia perfeita, planos perfeitos. Há um momento em que a gente para pra pensar no que realmente nos motiva na vida. Há pessoas que não importa o que aconteça, sempre vão estar incluídas nos meus planos e no meu coração. Listas e mais listas. Sonhos. Futuro. Incerteza, instabilidade. Pensar, pensar. Palavras soltas ainda podem fazer sentido. Confusões de idéias necessárias. Misto de amor e ódio, prazer e frustração. Parcerias de planos e paixões. Reprovação coletiva e cobrança desumanamente pessoal: meu mundo.

Junho chegando. Meus primos chegam e se Deus quiser meu namorado vem pro Rio. Faz tempo que não sinto essa ansiedade boa. Acredito que junto com isso virão algumas surpresas e acontecimentos que estarão gravados pra sempre na minha lembrança. E esse vai pras vocês, Debbie e Brunno (L)

“Não importa o quanto essa nossa vida nos obriga a ser sérios...
Todos nós procuramos alguém para sonhar... brincar... amar
E tudo o que precisamos é de uma mão para nos segurar e um coração para nos entender”

domingo, 27 de maio de 2007

Um dia você aprende

Mais, mais, mais! Estou adorando postar aqui e sempre tenho mais idéias de textos para postar. Mas esse foi a linda da Gabi que me passou e é realmente muuito bom! Shakespeare pra vocês...

Um dia você aprende que...
Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma.
E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança.
E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas.
E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.
E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.
Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo.
E aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam...E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la, por isso.
Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.
Descobre que se leva anos para se construir confiança e apenas segundos para destrui-la, e que você pode fazer coisas em um instante, das quais se arrependerá pelo resto da vida.
Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias.
E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você é na vida.
E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher.
Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam, percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos.
Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa, por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vejamos.
Aprende que as circunstâncias e os ambientes tem influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos.
Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que você mesmo pode ser.
Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto.
Aprende que não importa onde já chegou, mas onde está indo, mas se você não sabe para onde está indo, qualquer lugar serve.
Aprende que, ou você controla seus atos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.
Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências.
Aprende que paciência requer muita prática.
Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se.
Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou.
Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha.
Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens, poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.
Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não lhe dá o direito de ser cruel.
Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame, não significa que esse alguém não o ama, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar isso.
Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo.
Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado.
Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte.
Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás.
Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores.
E você aprende que realmente pode suportar... que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais.
E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!
Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar.

Beijos pra todos, e um especial pra Gabi (L)

Universo

Oi, gente! Primeiro eu queria agradecer os comentários e mandar beijos pra todos vocês ;)

Domingo. Dia de jornal, descanso. Abro o jornal na parte das crônicas, em especial na Martha Medeiros. Como sempre, uma surpresa agradável e uma explicação condescente ao título: 'Homens são mulheres felizes'. Estranho? Pode ter pensado nisso antes de analisar a frase, e mais que isso, aceitado que isso seja, de fato, verdade. Vou colocar um trecho do texto pra vocês terem vontade de ler (Y)

"Porque nosso mal é este: pensar demais. Nós, as reconhecidas como sensíveis e afetivas, somos na verdade, máquinas cerebrais. Alucinadamente cerebrais. Capazes de surtar com qualquer coisa, desde as mínimas até as muito mínimas. Somos mulheres que nunca estão à toa na vida, vendo a banda passar, e sim atoladas em indagações, tentando solucionar questões intrincadas, sempre de olho na hora seguinte, no dia seguinte, planejando, estruturando, tentando desfazer de problemas, sempre na ativa, atentas, alertas, escoteiras 24 horas."

Mudando de assunto, hoje estava conversando e fazendo planos com a Nata, uma amiga muito especial, e me deparei o quanto a moda é importante pra mim. Além de estar fazendo técnico em alimentos, que sei que é interessante e produtivo, não sei se é isso que me vejo fazendo o resto da vida. Fico pensando quais nomes são mais familiares pra mim: gucci, prada, chanel ou sacarina, aspartame, gordura trans. Pode não fazer muito sentido, mas todos eles fazem parte intimamente do meu universo. Talvez de formas diferentes do que costumam ser, talvez mais próximos do que aparenta ser... Belas Artes. Unicamp. Moda: paixão. Alimentos: vício.

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Amigas

Recebi um e-mail da minha cunhada e algum tempo depois uma amiga me mostrou o mesmo texto.
Mandei para a minha melhor amiga e quero dividir com todas as outras.
Então esse post vai para vocês, minhas amigas (L)

Há quem diga que mulheres, quando são amigas, ficam insuportáveis, porque concordam sempre uma com a outra e não se desgrudam.
A vida nos apresenta milhares de pessoas. E cada uma delas vem cumprir um papel conosco.
Todas elas ficam na nossa memória, nos nossos hábitos, nas nossas fotos, nos nossos guardados...
E no meio de tudo que se sente de dor, ou de prazer.
Eu tenho saudade de todas as amigas que já tive na vida.
Tem as amigas da família, as primas, irmãs e tias, que sempre estão indo e vindo da sua vida, provando que o tempo passa, mas certas coisas nunca mudam.
Aquela amiga desbocada que só fala palavrão e se mete em encrenca, mas faz você rir muito.
Tem aquela com quem você anda de braços dados pra todo canto. Aquela pra quem você contou sobre o primeiro garoto que você gostou.
Aquela que te dá toques sobre roupas, pessoas, corte de cabelo e comportamento.
Tem aquela outra que é chorona, aquela que critica você a cada cinco minutos, aquela nerd e cdf que sabe de tudo e aquela melosa, que gosta de abraçar e mandar recadinhos de amor.
E aquela com quem você dividiu a cama naquela viagem que foi o maior programa de índio da sua vida.
Aquela pra quem você conta absolutamente tudo, e sente que foi entendida, e sai aliviada. Aquela que te dá broncas e manda você parar de roer as unhas.
Aquela que não tem vergonha de dizer que te ama.
Aquela que apresenta os melhores caras. Aquela que passa com você o momento mais difícil da sua vida. Aquela que liga todo dia.
Aquela intelectual, que te ensina milhares de coisas. Aquela que abraçou em silêncio e sentiu você chorar, e aquela que virou as costas quando você mais precisou.
Aquela que faz tudo que você pede e aquela egoísta. Aquela que ouve quando você está apaixonada e passa horas falando do mesmo assunto.
E aquela que entende quando você a deixou pra ficar com seu namorado. E aquela outra que exige a sua atenção.
Tem também aquela idealista, com quem você discute horas os problemas existenciais da humanidade.
Aquela que só liga no dia do seu aniversário, e que mesmo assim você adora.
Aquela que te indica ginecologista.
Aquela que parece sua mãe, e vive pra te dar conselho.
Aquela de quem você sente muito ciúme. Aquela que você invejou secretamente.
Tem também aquela por quem você sente um carinho enorme desde a primeira vez que viu.
Aquela que pede a Deus por você quando ora.
Aquela que você magoou porque a trocou por outra que não valia nada.
Aquela que te deu o conselho certo, mas que você não ouviu.
E aquela única com quem você divide o que tem de mais precioso.
Aquela que paga coisas pra você quando você está sem grana. Aquela de quem você arrumou o véu antes de ela entrar na igreja pra se casar.
Aquela que era a mais chegada, mas sumiu e você nunca mais soube.
E aquela que é uma irmã pra você.
Tem quem não possui tantas amigas assim, mas tem aquela que vale por todas.
Aquela que é sempre uma companhia gostosa, mesmo que o programa seja não ter nada pra fazer...
E tem também a melhor amiga. Aquela que é simplesmente aquela.
Claro, os homens também sabem ser bons amigos. Também deixam ótimas lembranças.
Mas nada é igual à amizade entre duas mulheres.

Um grande beijo para as amigas que vierem a ler isso, para as que não vão ler, para aquelas que estão perto e longe de mim, para aquelas que eu lembro a todo minuto e para aquelas que eu esqueci.
Digo sem piscar que a amizade vale a pena e quem me ensinou isso foram VOCÊS!